Além disso, em entrevista na véspera, Lula também disse que a autonomia do banco central é uma “bobagem”. Saber mais.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar a política monetária do Banco Central em reunião com reitores de universidades públicas nesta quinta-feira (19). Lula questionou o atual patamar da taxa Selic em 13,75%.
Em entrevista no dia anterior, o presidente disse que a autonomia do banco central era um “absurdo”. A afirmação foi feita em entrevista à jornalista Natuza Neryová, da GloboNews.
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“Qual é a explicação para a gente ter um juro de 13,5% hoje?”, questionou Lula
Durante seu discurso na reunião, o presidente perguntou por que a taxa Selic está hoje em 13,5%, quando a inflação está em 7,5%. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), considerado a inflação oficial do país, fechou 2022 com alta de 5,79%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O Banco Central, por meio do Comitê de Política Monetária (Copom), deixou a taxa básica de juros em 13,75%.
“A inflação está em 6,5% e 7,5%, por que o juro está a 13,5%? Qual é a lógica? Qual é a lógica da desconfiança que o mercado tem de tudo que a gente fala de investimento? Eu não vejo essa gente falar uma vez em dívida social”, questionou o presidente.
Além disso, Lula aproveitou para defender os recursos destinados à educação e saúde do país. Para o presidente, os recursos não devem ser vistos como gastos. De acordo com ele, “a única coisa que não é dita como gasto por essa gente do mercado é o pagamento de juros da dívida. Eles acham que isso é investimento”.
Presidente criticou a autonomia do Banco Central
Em entrevista à GloboNews no dia anterior, Lula criticou ainda a autonomia do Banco Central. De acordo com o petista. “é uma bobagem achar que o presidente do Banco Central independente vai fazer mais do que fez o Banco Central quando o presidente era que indicava”.
Assim, a declaração repercutiu e fez com que o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, se pronunciasse. De acordo com Padilha, “não há nenhuma predisposição por parte do governo de fazer qualquer mudança na relação com o Banco Central”.
Regime de metas
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou ontem do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, e não teve agenda pública. Os membros da pasta evitaram fazer barulho com o governo e não disseram o que pensavam das críticas de Lula ao BC e ao regime de metas de inflação. Portanto que é definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Assim, é formado pelos ministros da Fazenda e do Planejamento, juntamente com os ministros do BC presidente, e deve ser revisado até junho.
A independência do BC é vista como um sinal positivo para o mercado financeiro, principalmente para os investidores internacionais. Em tese, com mandatos fixos, os conselheiros teriam mais condições de manter a continuidade da política monetária independentemente do presidente da república eleito. Embora possa não representar um risco imediato à autonomia ou ao regime de metas de inflação, a crítica de Lula envia um sinal errado ao mercado, disseram analistas.
Para Eduardo Velho, economista-chefe da JF Trust Gestão de Recursos, a fala do presidente reforça o cenário de incerteza em relação à execução da política econômica. “Resta o temor de que as decisões políticas do Planalto superem o comprometimento com as contas públicas e até mesmo a capacidade de autodefesa do ministro da Fazenda. Além de criar a expectativa de mudança na meta de inflação para 2024 e 2025, esse prazo até junho”, lamentou.