O ex-candidato à presidência Fernando Haddad enfrentou uma situação desconfortável nesta terça-feira ao receber de presente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma saia justa.
Foi o ministro da Fazenda quem teve que anunciar a reversão da decisão do governo de acabar com a isenção de remessas internacionais de até 50 dólares para pessoas físicas, após a reação negativa de setores importantes para o Partido dos Trabalhadores.
Lula teria ordenado a reversão da decisão, após um anúncio que foi feito de forma apressada e sem considerar as implicações políticas.
Embora haja argumentos para justificar a mudança na medida, Lula não pareceu se importar em expor seu ministro e possível sucessor a um grande desgaste político.
Ao delegar a Fernando Haddad a responsabilidade de anunciar a mudança na medida, toda a confusão acabou recaindo sobre o ministro.
Aos olhos do público, ele agora é o homem que teria proposto a taxação de populares varejistas chinesas, como a Shein e Shopee, que possuem uma clientela leal em várias camadas da sociedade, principalmente na classe média.
Taxação da Shein, Shopee e Aliexpress
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em conjunto com o Congresso Nacional, está avaliando a possibilidade de cobrar impostos sobre produtos importados de sites de e-commerce chineses, como Shein, Shopee e Aliexpress.
O objetivo é reduzir a concorrência desses produtos no mercado brasileiro e, assim, estimular as vendas das varejistas nacionais.
Segundo reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, Lula pretende incluir a taxação dos sites chineses na reforma tributária em discussão no Congresso. Podendo ser o Imposto sobre Valor Agregado (IVA) uma alternativa para essa cobrança.
Entretanto, as varejistas brasileiras não estão satisfeitas com a medida, pois ela prevê uma transição gradual para o IVA, que pode durar até 2031.
As empresas nacionais defendem uma resposta mais rápida ao problema e apoiam a cobrança do Imposto de Importação sobre os produtos estrangeiros.
Independentemente da solução adotada, o Congresso compartilha da preocupação com o avanço da Shein, Shopee e Aliexpress no mercado brasileiro.
De acordo com o presidente da Frente Parlamentar Mista do Empreendedorismo, deputado Marco Bertaiolli (PSD-SP), o Brasil já recebe mais de 500 mil pacotes com produtos chineses diariamente.
Bertaiolli defende que as empresas brasileiras devem ter a mesma competitividade que os sites chineses.
Sobretudo, cita que esses últimos têm driblado a alfândega nacional por meio de diversos expedientes.
Como o uso de um remetente pessoa física, e não jurídica, para se beneficiar da isenção do Imposto de Importação em transações de até US$ 50 entre pessoas físicas.
Ao serem questionadas pelo Estadão, a Shein, Shopee e Aliexpress negaram qualquer prática para burlar a cobrança de impostos e afirmaram que seguem todas as exigências alfandegárias.