Desde a decisão do Tribunal Superior Eleitoral que o tornou inelegível em 30 de junho, o ex-presidente Jair Bolsonaro tem enfrentado uma sequência de reveses. Aliados próximos como o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, e o tenente-coronel Mauro Cid, foram presos recentemente, fortalecendo a imagem de um cerco se fechando.
A suspeita é de uso da corporação para dificultar o trânsito de eleitores de Lula no Nordeste no dia do segundo turno da eleição passada. Ainda no comando da PRF, Vasques pediu votos para Bolsonaro nas redes sociais, deletando a postagem posteriormente. Já o tenente-coronel Cid, auxiliar direto de Bolsonaro, está preso acusado de fraudar cartões de vacinação contra a Covid, inclusive o do ex-presidente.
Quais as implicações politicas dessas prisões para Bolsonaro?
Além das prisões, Bolsonaro vem sendo constantemente chamado para depoimentos. Isso inclui investigações sobre diálogos golpistas, luxuosas joias sauditas, tentativa de venda de relógio Rolex entregue em viagem oficial e movimentações financeiras “atípicas”.
A deputada Carla Zambelli (PL-SP), também aliada de Bolsonaro, tem enfrentado reviravoltas. A parlamentar foi alvo de mandados de busca e apreensão. Segundo o hacker Walter Delgatti Neto, que encontrou-se com Bolsonaro no Palácio da Alvorada, o ex-presidente questionou se seria possível invadir as urnas eletrônicas caso o código-fonte estivesse disponível.
Bolsonaro: uma presença cada vez menos assertiva
Talvez devido ao aumento da pressão, Bolsonaro tem se mantido longe dos holofotes nas últimas semanas. Suas aparições públicas são cada vez menos expressivas e sem declarações impactantes.
No início de agosto, os primeiros dias do mês trouxeram novas derrotas ao ex-presidente. Além das investigações ampliadas, foi requisitado novamente seu depoimento à Polícia Federal. Já Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, também enfrenta dificuldades. Foi visto prestando depoimento à CPMI do 8 de Janeiro de tornozeleira eletrônica após ser liberado da prisão por suspeita de acobertar atos golpistas.
Qual o impacto desses eventos para o futuro político de Bolsonaro?
Os acontecimentos recentes anunciam tempos turbulentos para Bolsonaro e suas ambições políticas futuras. O cerco em torno dele e de seus aliados próximos parece cada vez mais apertado. Segundo a Polícia Federal, atividades como os bloqueios de eleitores de Lula no Nordeste vão muito além de ações isoladas. Eles são vistos como parte de um processo iniciado em 2019 para desacreditar o processo eleitoral, alimentar a polarização, gerar descrédito dos Poderes e culminar em atos golpistas.
Ainda mais, Bolsonaro é alvo de uma investigação da Procuradoria Geral da República que busca descobrir se ele incitou ataques às sedes dos poderes em Brasília. De acordo com a avaliação dessa investigação, as recentes derrotas políticas do ex-presidente podem ser apenas o começo de maiores problemas.