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Bolsonaro teve encontro com ex-diretor da PRF e ex-ministro da Justiça suspeitos de obstrução eleitoral

Encontro de Bolsonaro com Investigados por Fraude Eleitoral
Encontro de Bolsonaro com Investigados por Fraude Eleitoral

Na data do segundo turno das eleições, 30 de outubro, o ex-diretor da PRF (Polícia Rodoviária Federal) Silvinei Vasques e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres foram registrados chegando juntos ao Palácio da Alvorada, a residência oficial da Presidência da República. Essas informações são provenientes de registros do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) obtidos pelo UOL.

Vasques foi preso nesta quarta-feira (9) pela Polícia Federal, suspeito de ter coordenado barreiras contra ônibus e carros para dificultar a votação de eleitores do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno. Torres, que também estava sob prisão por cerca de quatro meses, foi monitorado com uma tornozeleira eletrônica por suspeita de omissão nos eventos de 8 de janeiro. Hoje ele se encontra em liberdade monitorada.

Qual era a dinâmica entre os envolvidos?

De acordo com os registros do GSI, Vasques se encontrou com o então presidente Jair Bolsonaro (PL) no Palácio da Alvorada antes do término da votação no dia 30 de outubro. Após votar no Rio de Janeiro, Bolsonaro retornou ao Alvorada por volta das 15h30, onde acompanhou os resultados da votação. Uma hora após a chegada de Bolsonaro, às 16h31, Vasques e Torres chegaram à residência oficial do presidente. Eles deixaram o local quase uma hora depois, por volta das 17h20.

O que aconteceu antes do encontro com Bolsonaro?

Antes do encontro com Bolsonaro, Vasques esteve no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por ordem de Alexandre de Moraes, presidente da corte. Moraes ameaçou prender Vasques, caso a PRF não desbloqueasse as vias obstruídas dentro de 20 minutos, conforme relatado pela revista Piauí.

Quais são as alegações contra Silvinei Vasques?

Segundo a PF, membros da PRF supostamente direcionaram recursos para dificultar o trânsito de eleitores no dia do segundo turno, principalmente no Nordeste, uma região em que o então candidato Lula (PT) tinha a maioria dos votos no primeiro turno. Os crimes investigados teriam sido planejados desde o início de outubro daquele ano. A Polícia Federal ainda localizou imagens de um mapeamento de municípios onde Lula teve mais de 75% dos votos no primeiro turno no celular da ex-diretora de Inteligência Marília Ferreira de Alencar, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, sob a responsabilidade então de Anderson Torres.

Essas informações foram incluídas em um relatório enviado ao STF que embasou a prisão de Vasques. A prisão foi autorizada por Alexandre de Moraes, ministro do STF, que considerou o comportamento “muito grave” e “ilegal”. Moraes também indicou que a liberdade de Vasques poderia “comprometer a eficácia das diligências”, uma vez que, mesmo aposentado, o ex-diretor da PRF ainda tem influência e “respeito” entre os agentes.

Os investigados podem responder por prevaricação e violência política, além dos crimes de impedir ou atrapalhar o exercício do voto e ocultar, sonegar, açambarcar ou recusar no dia da eleição o fornecimento de utilidades, alimentação e meios de transporte, ou conceder exclusividade dos mesmos a determinado partido ou candidato.