A cooperativa Languiru, que possui quatro fábricas no Rio Grande do Sul e fatura R$ 2,2 bilhões, apresentou uma proposta de renegociação de dívida de R$ 1 bilhão a seus credores bancários.
Portanto, a proposta inclui o alongamento do prazo médio para sete anos, com dois anos de carência, e a manutenção das taxas de juros aplicadas, sem aplicação de haircut.
A medida visa a preservação do caixa, após dois anos consecutivos de prejuízos nas operações de aves e suínos, com um prejuízo de R$ 90 milhões em 2021 e R$ 184 milhões no ano anterior.
Dívidas da cooperativa
A Languiru está buscando compradores para alguns de seus ativos devido aos prejuízos nas operações de aves e suínos.
A cooperativa pretende arrecadar entre R$ 250 milhões e R$ 300 milhões com a venda das fábricas em Westfália e Poço das Antas. O frigorífico de aves em Westfália possui capacidade para abater 150 mil aves por dia, enquanto a planta de suínos em Poço das Antas pode abater até 1.700 animais diariamente.
Em uma carta enviada aos bancos, o presidente da cooperativa, Dirceu Bayer, destacou o cenário desafiador enfrentado pela Languiru. Sobretudo, que inclui elevação dos custos de insumos, estiagem no Rio Grande do Sul com redução na oferta local de produtos, elevação da taxa Selic e redução do poder de compra dos consumidores.
Motivo dessa crise
Assim, a crise atual coincide com a redução dos preços da carne suína, que é exportada para a China. Nos últimos anos, a China aumentou sua produção interna, diminuindo a necessidade de importação e reduzindo os preços em seu mercado interno.
Dessa forma, para lidar com suas dívidas bancárias e de investimento, a cooperativa Languiru contratou Derci Alcântara da CD Capital. Derci tem experiência em agronegócios, tendo atuado como vice-presidente no Banco do Brasil durante o primeiro mandato do presidente Lula, e como presidente do Banco CNH.
Contudo, a maioria da dívida da cooperativa está concentrada em quatro bancos: Banco do Brasil, Sicredi, Banrisul e Sicoob. Alguns fundos de investimento, incluindo o VGIA11 da Valora Investimentos, detêm o restante.
O Fiagro da Valora Investimentos tem cerca de R$ 100 milhões investidos em três CRAs, sendo dois com vencimento em 2026 e um em 2027. Embora o fundo esteja exposto à situação da cooperativa, a Valora afirmou que a proposta de renegociação de dívidas não se aplica ao seu Fiagro. Uma vez que o fundo possui recebíveis de alta liquidez como garantias e uma conta com recursos bloqueados suficientes para honrar pelo menos quatro meses de pagamentos.