Resgataram um grupo de 207 trabalhadores que encontravam-se em situação análoga ao trabalho escravo. Em uma empresa prestadora de serviços para as vinícolas Aurora, Garibaldi e Salton, localizadas em Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul. Há indícios de que o pagamento de recursos sociais, como o Bolsa Família, estaria relacionado ao caso.
Os trabalhadores em questão exerciam atividades de carga e descarga, bem como de colheita de uvas, e relataram ter sofrido ameaças e maus tratos, incluindo o uso de choques elétricos, spray de pimenta e cassetetes. A maioria das vítimas era natural do estado da Bahia.
Assim, após o resgate, o Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves, que representa as vinícolas envolvidas no caso, divulgou uma nota pública. Na qual, afirma que houve falta de mão de obra e que é necessário investir em projetos e iniciativas que possam solucionar problemas semelhantes. Segundo os empresários, há uma parcela significativa da população com plenas condições produtivas, mas que se encontra inativa, dependendo de assistência social, o que não é benéfico para a sociedade.
O que o Bolsa Família tem haver com o trabalho escravo?
De acordo com os empresários, o pagamento de benefícios sociais, como o Bolsa Família, tem gerado um grupo de pessoas inativas. Sendo assim, o que poderiam estar envolvidas na cadeia produtiva do vinho, reduzindo a necessidade de contratação de mão de obra. Essa justificativa apresentou-se após a recente descoberta de trabalhadores em condição análoga à escravidão nas vinícolas Aurora, Garibaldi e Salton.
No entanto, o vice-coordenador da área do Ministério Público do Trabalho, Italvar Medina, responsável pelo combate ao trabalho escravo e ao tráfico de pessoas, discorda dessa alegação. Para Medina, as empresas devem fornecer oportunidades de trabalho dignas e que estejam em conformidade com a legislação brasileira, especificamente com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Relatos das vítimas do trabalho escravo
As vítimas do trabalho escravo, que foram resgatadas de uma prestadora de serviços para as vinícolas Aurora, Garibaldi e Salton, em Bento Gonçalves (RS), relataram ter sofrido agressões com choques elétricos e spray de pimenta. Depois de fugirem de um alojamento sem condições de higiene.
De acordo com o coordenador do projeto de combate ao trabalho escravo da Superintendência Regional do Trabalho do Rio Grande do Sul, Henrique Mandagara, a fiscalização apreendeu tasers e tubos de spray de pimenta no local. Além disso, havia vigilância armada para garantir que tudo estivesse em ordem.
Contudo, os trabalhadores, recrutados na Bahia, chegava para o trabalho escravo com dívidas de alimentação e transporte. No alojamento, eram obrigados a comprar produtos a preços extremamente abusivos em relação ao valor de mercado. E todos os gastos eram registrados como dívida, o que os prendia aos empregadores.