Entre tantas notícias ruins que tivemos nos últimos anos envolvendo o setor cultural, artístico e também literário, nesta quinta-feira, 09, foi escrito o capitulo final de um dos espaços culturais e literários do Brasil das últimas décadas, a decretação da falência da livraria Cultura.
Para mim, pessoalmente é um misto de muitos sentimentos que envolvem escrever esse texto, visto que a Livraria Cultura faz parte da minha formação, tendo passado muitos dias e horas da minha vida dentro dessa maravilhosa e encantadora livraria.
Foram tantas histórias, tantas pessoas.
Na real, uma situação como essa não pode ser entendida como consequência apenas de uma má gestão.
Há alguns anos a livraria Siciliano já havia fechado suas portas.
De um lado presenciamos o sucateamos e o fechamento de centros culturais, livrarias e cinemas de rua, enquanto por outro vemos a proliferação de igrejas, principalmente evangélicas e casas de tiro.
Ou seja, isso suscita uma reflexão fundamental para nós enquanto cidadãos e cidadãs: qual tipo de país queremos para nós e nossos filhos(a)?
Contudo, com um novo rumo escolhido pela sociedade brasileira nas últimas eleições, a política de menos livros e mais armas, chegou ao fim.
A falência da Livraria Cultura
A decisão da justiça de São Paulo de decretar a falência da Livraria Cultura, parte do entendimento de que a livraria não cumpriu com as exigências da recuperação judicial.
O pedido de recuperação judicial foi feito ainda em 2018, quando a Cultura estava com uma dívida em torno de R$ 285 milhões.
Dessa forma, após uma série de tentativas de recomposição do patrimônio da livraria durante os últimos 5 anos, a Cultura fechou suas portas.
Assim, todos os imóveis e contas da Livraria Cultura ficarão judicialmente sob bloqueio para o pagamento dos credores.
A empresa ainda pode recorrer da decisão, mas, de acordo especialistas, a reversão é praticamente impossível.
O Início da crise da Livraria Cultura
A falência da Livraria Cultura tem origem na crise econômica mundial de 2014.
De lá para cá, a significativa queda na venda de livros acabou resultando na situação atual de falência da livraria.
Segundo o juiz da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo, Ralpho Waldo de Barros Monteiro Filho, os indícios de que a Cultura não honraria os pagamentos eram explícitos desde 2019, logo após o pedido de recuperação judicial.
Enquanto que o escritório DSA Advogados, referência em recuperação judicial e arbitragem, descreveu como “uma convolação clássica: descumprimento de plano. O juiz deu oportunidades para se manifestarem, mas eles não apresentaram elementos fortes para manter a recuperação judicial”.
Funcionários terão prioridade nos pagamentos
Se a falência for confirmada em 2º instância pela justiça, o próximo passo é articular o pagamento dos credores, com prioridade para os funcionários.
Entretanto, apesar dos direitos trabalhistas serem prioridade perante a lei, tudo dependerá do caixa da empresa.
Atualmente, a Livraria Cultura tem somente 2 lojas abertas, uma em São Paulo e outra em Porto Alegre.
Todavia, a Cultura chegou a ter 15 livrarias espalhadas pelo país.
A empresa tem agora 2 dias para levantar um inventário dos seus bens, e confirmada a falência, o processo será feito pela Laspro Consultores que pode vender imóveis, estoque e até mesmo a marca.
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